quarta-feira, 6 de outubro de 2010

13 razões para votar em Dilma Rousseff


1. Dilma é a continuação do governo Lula. Esta é a mãe de todas as razões. O governo Lula é aprovado por mais de 80% dos brasileiros e acumula, em todas áreas, uma coleção de números de fazer inveja a qualquer outro governo da nossa história republicana. A pobreza caiu pela metade. Mais de 30 milhões de brasileiros se juntaram à classe média. O salário mínimo subiu 74% sobre a inflação. Mais de 14 milhões de empregos foram criados. Dilma Rousseff foi parte deste governo desde o primeiro minuto e é a legítima herdeira desse legado.
2. Dilma continua a política de fortalecimento do patrimônio público. Uma das razões pelas quais o PSDB foge da figura de Fernando Henrique Cardoso como o diabo foge da cruz é a categórica opção, feita pela esmagadora maioria da sociedade brasileira, contra o privatismo, a desregulamentação e a venda do patrimônio público na bacia das almas. Somos um país de centro-esquerda, neste sentido. Nada foi privatizado no governo Lula e empresas como a Petrobras deram um salto gigantesco, de combalida candidata a ser “desmontada osso por osso” à condição de quarta maior empresa do mundo, responsável pela maior capitalização da história da humanidade. É Dilma, não nenhum outro candidato, quem representa a continuação desse fortalecimento.

3. Com Dilma sabemos que nossos irmãos mais pobres continuarão a ter acesso ao Bolsa-Família. Mais de 12,6 milhões de famílias foram beneficiadas pelo maior programa de transferência de renda do mundo. Não somente nós, de esquerda e centro-esquerda, mas também economistas liberais e instituições como o Banco Mundial concordam que o Bolsa-Família é parte essencial da redução da desigualdade. O principal candidato da oposição, José Serra, não conseguiu unificar sequer sua campanha ao redor de uma posição sobre esse tema. Chegou-se, inclusive, à bizarra situação de que enquanto o candidato prometia dobrar o BF, seus correligionários e sua própria esposa davam declarações que associavam o programa à “vagabundagem”. Com Dilma não tem erro: continuaremos a reduzir a desigualdade no Brasil.

4. Dilma representa uma política externa altiva, soberana e baseada no diálogo. A política externa é um dos grandes êxitos do governo Lula. Passamos de uma situação subordinada, em que discutíamos a entrada numa órbita estritamente controlada pelos EUA, que trouxe consequências tão desastrosas para os nossos irmãos do México, à condição de país internacionalmente respeitado, ouvido nos fóruns mundiais e líder incontestável da América Latina. A campanha do principal candidato da oposição foi marcada por desastrosas declarações, cheias de insultos aos nossos vizinhos. Traduzidas em política externa, seria uma fórmula certa para que o Brasil perdesse o lugar que conquistou no mundo. A opção pelo diálogo, pelo respeito às instâncias multilaterais e pela autodeterminação dos povos foi um sucesso no governo Lula e está em sintonia com as melhores tradições do Itamaraty. É Dilma quem representa essa opção.

5. Dilma provou ser uma verdadeira democrata. Nenhuma candidata à Presidência no período pós-ditatorial—nem mesmo Lula—sofreu bombardeio midiático comparável ao que foi lançado sobre Dilma Rousseff nesta campanha. Acusações falsas sobre seu passado; grosseiras infâmias sexistas; falsas notícias; manipulação de declarações suas; mentiras sobre suas contas; fichas policiais adulteradas: tudo foi lançado contra ela. Em nenhum momento Dilma moveu um dedo para calar ou censurar qualquer jornalista. Por outro lado, José Serra, tratado de forma infinitamente mais dócil pela imprensa brasileira, demonstrou amplamente que não é confiável no quesito democracia. Exigiu cabeças de jornalistas nas redações; confiscou fitas de vídeo; deu-nos uma patética coleção de pitis. Mostrou que não convive bem com a crítica. É com Dilma, não com Serra, que garantiremos a continuação da nossa condição de um dos países com mais ampla liberdade de expressão do mundo.

6. Dilma dá show de conhecimento numa das áreas mais importantes da atualidade, a energia. Em 2003, quando Dilma assumiu o Ministério das Minas e Energia, o Brasil vivia uma situação periclitante. Acabávamos de viver um vergonhoso racionamento. Dilma arrumou a casa, garantiu a segurança no abastecimento e a estabilidade tarifária. Participou diretamente da implantação do Luz para Todos, cuja meta original era 2 milhões de ligações, mas que em abril de 2010 já havia realizado 2,34 milhões de ligações, beneficiando 11,5 milhões de pessoas. Nossa produção de petróleo passou a 2 milhões de barris por dia. O pré-sal, descoberta possibilitada pelo trabalho de Dilma, dobrou nossas reservas de petróleo. Além de tudo isso, Dilma já provou ser conhecedora profunda das fontes limpas e renováveis de energia. Faça uma enquete entre os engenheiros da Petrobras. As intenções de voto em Dilma, entre eles, deve andar em torno dos 90%. Eles sabem o que fazem.

7. Dilma é a mais equipada para expandir e melhorar a educação no Brasil. Neste quesito, a comparação entre o histórico petista e o histórico tucano é uma surra de proporções inomináveis. Enquanto em São Paulo, alunos e professores sofrem com a falta de investimento e, acima de tudo, com a falta de respeito, emblematizada nas frequentes pancadarias policiais a que são submetidos, o Brasil criou, durante o governo Lula, 16 novas universidades, mais de 100 novos campi, mais de 200 novas escolas técnicas, mais de 700.000 novas vagas para pobres, a maioria negros e mulatos, através do ProUni. Os professores da rede federal saíram da situação de arrocho salarial em que viviam e agora têm um plano de carreira digno (que ainda pode e deve melhorar, sem dúvida, mas que representou um salto gigantesco em relação ao governo FHC). Se você é aluno, professor ou funcionário do ensino, ou tem filhos na escola, basta olhar para o histórico dos dois principais candidatos e você não terá dúvidas sobre em quem votar.

8. Dilma não criminalizará os movimentos sociais. O histórico tucano na relação com os movimentos sociais é péssimo. Professores espancados no Rio Grande do Sul e em São Paulo; os ativistas do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra tratados como criminosos durante o governo de Fernando Henrique Cardoso; o funcionalismo público submetido a arrocho salarial e a uma total recusa ao diálogo em Minas Gerais. Sem misturar movimento social com governo, sem transigir na aplicação da lei, quando de aplicar a lei se tratava, Lula e Dilma estabeleceram com as manifestações políticas da sociedade brasileira uma relação de respeito e diálogo. É assim que deve ser. As declarações de José Serra sobre, por exemplo, o MST, são profundamente preocupantes. É com paz e negociação que se resolvem os embates entre movimentos sociais e governo, não com porrada. Dilma é a garantia de que essa política continuará sendo seguida.

9. Dilma representa um novo reencontro do Brasil com seu passado. Notável na sua capacidade de falar sobre um passado traumático, admirável na tranquilidade com que se refere às torturas a que foi submetida, Dilma teve o dom de não transformar o rancor e o ressentimento em arma política. O Brasil está anos-luz atrás dos seus vizinhos do Cone Sul naquele processo para o qual os alemães cunharam essa belíssima palavra, Vergangenheitsbewältigung, que poderíamos traduzir como o dom de acertar as contas com o passado. É Dilma quem nos pode guiar na revisão desse pretérito ainda tão recente e tão pouco saldado. Sem rancor, sem revanche, sem ódio, mas sem transigir na aplicação da lei.

10. Dilma tem com quem governar, tem equipe. Este blog respeita o voto verde e respeita Marina Silva. Mas a afirmativa, tantas vezes feita por Marina nesta campanha, de que governaria com “os melhores do PT e do PSDB”, como se não existisse um pequeno detalhe chamado política, só se explica pela ingenuidade ou pela manipulação da ingenuidade. Um político governa com a equipe política que conseguiu montar, e é a equipe de Dilma quem botou Brasília para funcionar de acordo com os interesses dos mais pobres durante os últimos oito anos. Com todos os seus problemas, é o PT, não o PV, quem tem quadros experimentados o suficiente para a gestão de um país complexo como o Brasil. Isso não é por acaso. Mais de 50% dos brasileiros que têm alguma opção partidária preferem o PT. Por volta de 30% da população escolhe o PT como o partido de sua preferência. PMDB e PSDB seguem de longe, muito longe, com 6%.

11. Dilma é mais internet para todo mundo. O principal candidato da oposição, José Serra, pertence a uma força política que já demonstrou não ter compromissos com a expansão da internet para as camadas mais pobres da população. Expressão privilegiada dos grandes conglomerados midiáticos do país, o tucanato é responsável por desastres como o AI-5 Digital, uma coleção de inomináveis asneiras destinadas a cercear, censurar e controlar a liberdade da internet. Sob o governo Lula, o acesso à rede mundial de computadores aumentou muito e é Dilma, não qualquer outro candidato, quem tem histórico e compromisso com a implementação do Plano Nacional de Banda Larga, uma verdadeira de carta de alforria informativa no país. Quanto mais gente tiver acesso à internet, mais democrática e bem informada será a nossa sociedade. Os pobres sabem disso e estão com ela, em sua esmagadora maioria.

12. Dilma tem uma bela, impecável história de vida. Representante da geração que correu risco de morte para lutar contra a ditadura com os recursos que tinha, Dilma jamais renegou seu passado. Com serenidade, ela sempre explica que o contexto mudou, que o mundo é outro, e que agora ela luta com outros instrumentos, dentro da normalidade democrática. Mas ela nunca fez as penitências meio patéticas, as autocríticas confortáveis a que nos acostumamos ao ouvir, por exemplo, Fernando Gabeira. Representante também da geração que acompanhou Leonel Brizola na recomposição do legado varguista na pós-ditadura, ela jamais renegou a herança do trabalhismo. Dilma Rousseff é a ponte entre o que de libertário e popular havia no trabalhismo brasileiro e o que de novo e transformador trouxe o Partido dos Trabalhadores. Sua presença já na administração Olívio Dutra em Porto Alegre mostrou que ela estava consciente de que essa ponte era possível. Muitos petistas—este atleticano blogueiro incluído—adotaram, especialmente nos anos 80, posturas sectárias e intolerantes ante o trabalhismo, incapazes que fomos de ver qualquer característica positiva no movimento que conferiu cidadania à classe trabalhadora pela primeira vez. Dilma é a possibilidade de aprofundamento desse diálogo entre o lulismo e tradição trabalhista que ele transforma. Essa bela história de vida está bem narrada em seu primeiro programa de TV:

13. Dilma representará uma vitória inesquecível para as mulheres brasileiras. Ainda somos um país muito machista. A violência doméstica é uma realidade cotidiana para milhares, talvez milhões de mulheres, especiamente as mais pobres. As mulheres ainda recebem bem menos que os homens pelo mesmo trabalho. A maioria da população feminina ainda acumula uma dupla jornada de trabalho. Não só por ser mulher, mas também por pertencer a um projeto político que já demonstrou ser aliado das mulheres na luta, Dilma pode contribuir a mitigar essa situação e nos fazer avançar nessa área tão urgente. Não é desimportante, claro, o fato de que ela é mulher: da mesma forma como a vitória de Lula, por si só, representou imenso ganho para a autoestima dos trabalhadores, que agora sabiam que podiam chegar lá, da mesma forma como a vitória de Obama trouxe enorme esperança para muitos negros jovens, que agora tinham a prova de que alcançar o topo era possível, a vitória de Dilma representará um enorme salto para a autoestima, as possibilidades, as aspirações de milhões de mulheres e, especialmente, de crianças e adolescentes do sexo feminino.

É por tudo isso, e muito mais, que eu voto Dilma Rousseff.

sábado, 21 de agosto de 2010

“Esta eleição vai dignificar a mulher”, afirma DilmaA- A+ 21.08.2010


“Esta eleição vai dignificar a mulher”, afirma DilmaA- A+ 21.08.2010


Um dos maiores atos políticos da campanha de Dilma Rousseff até agora nessas eleições, o comício ao lado do Jardim Rochdale, em Osasco (SP), reuniu milhares de pessoas, que estavam eufóricas para assistir Dilma e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no palco. A comunidade carente que tem mudado graças aos investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em saneamento e habitação estava toda reunida para agradecer a Lula pela ajuda nos últimos anos.

Ao discursar, Dilma ressaltou a importância de dar continuidade ao governo Lula e pediu aos eleitores paulistas que batalhem pela eleição do senador Aloizio Mercadante ao governo de São Paulo.

“Cada um de nós quando o presidente Lula deixar o Palácio do Planalto vai sentir um aperto no coração. Só uma coisa pode nos consolar. E essa coisa está clara qual é. É a continuidade do governo dele sem retrocesso, é o avanço, é eleger uma mulher presidente desse país para continuar com a missão desse metalúrgico, que sem dúvida nenhuma fez o melhor governo para milhões e milhões os brasileiros”, disse.

Luta democrática

O candidato a vice-presidente na chapa de Dilma, o deputado Michel Temer (PMDB-SP), frisou a luta de Dilma para que aquelas pessoas tivessem o direito de estar ali reunidas. “A Dilma trabalhou para que tivéssemos democracia política no país. Estamos aqui porque alguém lutou para que tivéssemos liberdade de expressão. A Dilma lutou por isso”, discursou.

Dilma fez questão de exaltar o papel das mulheres nessa eleição. “Hoje, a vida de cada um é diferente, é melhor, porque além das realizações materiais tem dentro do nosso coração a esperança, que é a certeza de um futuro muito melhor. Minhas companheiras, vamos juntas. Essa será uma eleição que vai dignificar as mulheres do nosso país.”

Eleição das mulheres

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o Brasil precisa eleger uma mulher após ter colocado um metalúrgico no comando do país. Segundo ele, não há motivo para preconceito contra as mulheres, porque elas significam algo sagrado para a sociedade.

“Qual é o preconceito que a gente pode ter contra uma pessoa que ensinou a gente a comer quando a gente nem sabia pegar numa colher? Qual é o preconceito que a gente tem contra uma pessoa que perdeu horas e horas para ensinar a gente a andar? Qual é o preconceito que a gente pode ter contra uma pessoa que nos deu o caráter, porque quem dá o caráter não é o pai, é a mãe? Qual é o preconceito que a gente pode ter contra uma pessoa que significa algo tão sagrado na sociedade, como a mulher? Tão importante que só ela pode procriar”, discursou Lula.

Por esses motivos, o presidente disse que é chegada a hora de o Brasil ter uma mulher na Presidência da República. “Por isso, companheiras mulheres é que temos que levantar a cabeça humildemente e estufar o peito sem empinar o nariz e dizer: nós já tivemos a coragem de votar num metalúrgico e não erramos e agora vamos votar numa mulher para fazer o que precisa ser feito nesse país. Para mudar definitivamente a história do nosso Brasil.”

Dilma abre 17 pontos para Serra e venceria no 1o turno-Datafolha

Dilma abre 17 pontos para Serra e venceria no 1o turno-Datafolha
SÃO PAULO (Reuters) - A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, abriu 17 pontos de vantagem para seu principal adversário, José Serra (PSDB), e venceria a eleição presidencial de outubro ainda no primeiro turno, mostrou pesquisa do instituto Datafolha neste sábado.

O levantamento, publicado pelo jornal Folha de S. Paulo, apontou crescimento de seis pontos percentuais de Dilma, que agora tem 47 por cento das intenções de voto, contra 41 por cento no levantamento anterior realizado no início do mês.

Já Serra caiu três pontos em relação à sondagem anterior, feita entre 9 e 12 de agosto, e agora tem 30 por cento. A candidata do PV, Marina Silva, caiu um ponto e agora tem 9 por cento da preferência do eleitorado, segundo o instituto.

Nenhum dos demais candidatos conseguiu somar 1 por cento no levantamento. Quatro por cento dos entrevistados declararam voto nulo ou branco, contra 5 por cento na pesquisa anterior, e 8 por cento declarou-se indeciso, contra 9 por cento na sondagem do início do mês.

Segundo o Datafolha, quando considerados somente as intenções de votos válidos, ou seja, desconsiderados os brancos e nulos, Dilma fica com 54 por cento, o que lhe garantiria vitória no primeiro turno, marcado para 3 de outubro.

A simulação de segundo turno entre Dilma e Serra feita pelo Datafolha, mostra a petista com 53 por cento das intenções de voto, contra 39 por cento de Serra. Quatro por cento votariam branco ou anulariam e outros 4 por cento disseram não saber. Na sondagem anterior do instituto, a petista aparecia com 49 por cento, contra 41 por cento do tucano em um eventual segundo turno.

O Datafolha ouviu 2.727 pessoas em todo o país na sexta-feira, 20 de agosto, após o início da propaganda eleitoral no rádio e na TV. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

(Por Eduardo Simões)

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Entrevista: A educação trazendo São Paulo de volta para o futuro


Dulcinéia Nascimento Ramos, 55 anos, é professora na cidade de Marília, SP, e militante do PT desde o nascimento do partido no início dos anos 80. A Rede Mercadante publica aqui a entrevista que a nossa militante educadora nos concedeu.


RM – Você que é educadora há 31 anos, qual a sua avaliação de como a educação tem sido tratada politicamente, especialmente nos últimos 16 anos de PSDB?

Dulcinéia – A minha primeira reação a essa pergunta seria: “Eu sobrevivi”. Com minhas próprias forças e recursos administrei a educação dentro da minha sala de aula, dentro de uma política totalmente contra meus valores educacionais. Sabe-se, porém, que o maior problema hoje é o ensino médio, de responsabilidade do Estado que é governado pelo PSDB há 16 anos. Considerando-se que Quércia e Serra voltaram a pertencer ao mesmo grupo político, que Franco Montoro governou com os tucanos antes de serem tucanos, que Alberto Goldmann foi líder do quercismo no Estado e que Aloízio Nunes Ferreira foi vice-governador do Fleury, essa turma está no Governo do Estado desde 1983! NADA pela educação no Estado deu tempo para fazer???

RM – O que você acha que poderia contribuir para a melhoria desta situação?

Dulcinéia – Em primeiro lugar, mudar a política do estado. Chega de PSDB. Também, usar com responsabilidade os repasses da União dos estados e municípios e, principalmente, constituir uma cidadania que possa tomar em suas mãos o trabalho, o desenvolvimento econômico, político e cultural do país. Continuar com o que está dando certo, por exemplo o “Bolsa Família” e ampliá-lo para ter bons resultados. Também, tirar o bônus de premiação (SARESP), porque assim a escola com índice mais baixo não recebe esses investimentos para reforçá-las.

RM – Do que o estado de São Paulo precisa para melhorar?

Dulcinéia – Os índices mostram que a qualidade do ensino no estado vem caindo, então alguma coisa não está funcionando, certo? O estado precisa democratizar o acesso, a permanência na escola, acabar com o analfabetismo, diminuir a evasão, dar sustentabilidade e apoio para a inclusão, dotar todas as escolas com recursos tecnológicos da informação, ensino médio profissionalizante, escolas com período integral, mais creches e pré-escolas, mais Fatecs, permitir a continuidade do aluno pobre no ensino médio e garantir vagas no ensino superior público, inclusão digital, ampliar recursos para pesquisa nas universidades públicas, valorização do professor. Enfim, construir uma escola para a sociedade do conhecimento.

RM – Qual a importância da iniciativa de se debater política em espaços virtuais, como na Rede Mercadante e de nos articularmos em rede?

Dulcinéia – Na eleição passada, eu não tinha o acesso que atualmente possuo. Estou encantada com a oportunidade de ver, debater, atualizar-me nesse mundo virtual. Parabéns pela iniciativa. Acredito que teremos uma grande aceitação positiva na rede. A importância maior é a rapidez da informação divulgada. Mas espero que nunca se esqueçam que o trabalho corpo a corpo, o palanque, olho no olho ainda faz a diferença.

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7 comentários »
Entrevista: A educação trazendo São Paulo de volta para o futuro
6 comentários
antonio carlos martins disse: Em 15 de agosto de 2010
A UNÃO DO MAGISTERIO DO FUNCIONALISMO…DAS POLICIAIS CIVIL/MILITAR APOSENTADOS PENSIONISTAS…MAIS O TRABALHO CORPO A CORPO..FARÃO A ################## CONCORDO COM A NOBRE COLEGA PROFESSORA!!!!

Rodrigo disse: Em 16 de agosto de 2010
É isso aí Dul! Concordo com vc! Chega de monopólio tucanês no estado de SP. A educação só pd melhorar com mudanças e com novas políticas pros paulistas!

Marcos Flariso disse: Em 16 de agosto de 2010
Parabéns… Adorei a sua postura diante da situação… sabes a minha opinião e compartilho desta mudança o mais rápido possível… Educação deveria ser prioridade e não “tapa buraco” como vem sendo nos últimos 16 anos…

Carol Luvizotto disse: Em 16 de agosto de 2010
É isso aí amiga!!
É de gente como vc que a educação brasileira precisa!
Se todos os educadores tivessem a sua postura certamente teríamos um outro retrato da educação brasileira.

Parabéns!
Dra. Caroline Luvizotto
Socióloga e Professora Universitária
http://carolineluvizotto.wordpress.com

Helber disse: Em 17 de agosto de 2010
É isso aí amiga, sempre na luta pela igualdade social. Beijão…

Mariana disse: Em 17 de agosto de 2010
Dulce, é de gente com pensamento consciente e militante como você que a educação e a política precisam! Sucesso!
Beijos

domingo, 1 de agosto de 2010

Até o Ibope desmente empate do Datafolha: Dilma tem vantagem de 5 pontos

30 de julho de 2010 às 23:22

Até o Ibope desmente empate do Datafolha: Dilma tem vantagem de 5 pontos

Dilma lidera com 39% e Serra tem 34%, segundo pesquisa Ibope 30 de julho de 2010 • 20h45 • atualizado às 20h50

do Terra

A candidata do PT à presidência da República, Dilma Rousseff, aparece na liderança da corrida presidencial com 39% das intenções de voto, contra 34% do candidato do PSDB, José Serra, segundo pesquisa Ibope divulgada nesta sexta-feira (30) pelo Jornal Nacional . A candidata do PV ao Palácio do Planalto, Marina Silva, registra 7%.

Segundo o levantamento, os votos brancos e nulos somam 7%. Enquanto 12% dos entrevistados não souberam ou não responderam. A margem de erro de é dois pontos percentuais.

O Ibope também fez uma simulação de um segundo turno entre Dilma e Serra, a petista aparece com 46% e o tucano com 40%.

Encomendada pela Rede Globo, a pesquisa foi realizada entre os dias 23 e 30 de julho e registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 24 de julho de 2010, sob o número 20809/2010.

PS: Peço aos comentaristas que me ajudem e, por favor, deixem nos comentários os resultados estado a estado.

"República sindicalista” de Serra nasceu com uma fraude do Lacerda

“República sindicalista” de Serra nasceu com uma fraude do Lacerda

Na foto, Serra denuncia a “Carta Brandi” e a “república sindicalista” (*)

Zé Pedágio fez grave acusação às centrais sindicais – clique aqui para ler “centrais sindicais vão responder ao Serra ?”.

Artur Henrique respondeu: vai esperar para ver como o Serra administra o seguro desemprego a partir de outubro.

Zé Pedágio foi para a extrema direita – se é que não esteve sempre lá.

Passou a adotar o jargão dos golpistas que derrubaram Jango em 1964.

A velha UDN golpista de sempre reincorporada no PSDB de São Paulo.

A UDN acusava o Jango de montar uma “república sindicalista”.

O Leandro Fortes já tratou disso com precisão.

O Vitor Nuzzi, do Brasil Atual, segue a mesma trilha e vai mais atrás: à origem fraudulenta da “república sindicalista”.

É uma carta falsa manipulada pelo Carlos Lacerda – o pai de todos os golpistas – e redigida por Luiz Fernando Mercadante, que trabalhava como repórter na Tribuna da Imprensa.

Mercadante me contou que foi ele quem escreveu a Carta Brandi, quando eu e ele trabalhávamos na revista Realidade.

No artigo do Vitor, o Newton Carlos mostra que Lacerda sabia que a carta era falsa.

Como diz o Ciro Gomes: o Serra não tem escrúpulos; se for preciso, passa com um trator por cima da mãe.

Vamos ao Vitor:

Lacerda originou “república sindicalista” baseado em assinatura falsa

Por: Vitor Nuzzi, Rede Brasil Atual
Publicado em 15/07/2010

Líder da UDN divulgou documento forjado que acusava João Goulart em 1955. Termo agora usado por Serra era, em 1964, um dos preferidos dos golpistas.

João Goulart foi acusado de ser parte de trama falsa de venda de armas a forças de sindicalistas. Tese virou munição golpista.

O presidenciável José Serra não resistiu à tentação, ele também, de usar a expressão “república sindicalista” para rebater críticas de dirigentes sobre supostas iniciativas parlamentares do tucano na criação do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). O termo aparece com alguma regularidade na história política brasileira, curiosamente sempre usado por vozes conservadoras. Convém lembrar que tal expressão surgiu de uma operação farsesca ainda nos anos 1950 e ganhou força no avanço golpista dos 1960.

Em 1955, o jornalista Carlos Lacerda divulgou uma carta atribuída ao deputado argentino Antonio Brandi, peronista, que teria enviado ao ministro do Trabalho, João Goulart. Fazia referência a compra de armas e à organização de uma república sindicalista no Brasil. Tudo falso. E quem descobriu foi um jovem repórter da própria Tribuna de Imprensa, jornal de Lacerda. Quem contou, em 2002, para o projeto “Memória da Imprensa Carioca” foi o repórter e hoje comentarista internacional Newton Carlos.

“Vamos recordar um episódio conhecido como Carta Brandi. Foi divulgado o texto de uma carta que um peronista de nome Brandi teria mandado ao Jango propondo a criação de uma república sindicalista na América Latina, a partir de um eixo Brasil-Argentina. O petardo partiu da Tribuna mas logo surgiram desconfianças de que a assinatura da carta era falsa. Nesse meio tempo, o Perón caiu. O Lacerda foi à Argentina e eu o acompanhei com a missão de levantar a ‘autenticidade’ da carta. Descobri que a assinatura era de fato falsa. Avisei ao Lacerda. Ele disse: ‘você não tinha nada que descobrir. O Jango que descobrisse’”.

Na articulação para derrubar o presidente João Goulart, um dos argumentos preferidos foi o de que se instalada no Brasil uma temível… “república sindicalista”. Na época, havia sido criado (em 1962) o Comando Geral dos Trabalhadores, que apoiava Jango, mas ao que se sabe até hoje não tinha nenhum arsenal escondido para defendê-lo após o golpe.

Volta e meia, alguém surge com a velha expressão, talvez desconhecendo sua origem. Em fevereiro de 2008, a cientista política Lúcia Hippolito recorria ao termo para criticar a “excessiva influência” dos sindicalistas no governo. Em julho de 2009, o jornal O Globo apontava “a república sindicalista”, sempre ela, “instalada na Petrobras”. A revista Época, do mesmo grupo, também “denunciou” este ano a tal potência sindical atuante na gestão Lula. Desnecessário dizer que a Veja também lançou mão do surrado termo para uma de suas tonitruantes matérias.

E isso porque tudo surgiu de um fato falso. Que o patrão da época não quis publicar, mas os trabalhadores descobriram faz tempo. Os discursos de hoje podiam, pelo menos, ser mais originais.

(*) Mal comparando: o Serra não tem 1/10 do talento do Lacerda. A inclinação golpista é a mesma, mas no interior do cérebro a diferença é abissal.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

“A política nos reúne nos opondo: ela nos opõe sobre a melhor maneira de nos reunir”.




por Jorge Furtado*


Tenho alguns amigos que não pretendem votar na Dilma, um ou outro até diz que vai votar no Serra. Espero que sigam sendo meus amigos. Política, como ensina André Comte-Sponville, supõe conflitos: “A política nos reúne nos opondo: ela nos opõe sobre a melhor maneira de nos reunir”.

Leio diariamente o noticiário político e ainda não encontrei bons argumentos para votar no Serra, uma candidatura que cada vez mais assume seu caráter conservador. Serra representa o grupo político que governou o Brasil antes do Lula, com desempenho, sob qualquer critério, muito inferior ao do governo petista, a comparação chega a ser enfadonha, vai lá para o pé da página, quem quiser que leia. (1)

Ouvi alguns argumentos razoáveis para votar em Marina, como incluir a sustentabilidade na agenda do desenvolvimento. Marina foi ministra do Lula por sete anos e parece ser uma boa pessoa, uma batalhadora das causas ambientalistas. Tem, no entanto (na minha opinião) o inconveniente de fazer parte de uma igreja bastante rígida, o que me faz temer sobre a capacidade que teria um eventual governo comandado por ela de avançar em questões fundamentais como os direitos dos homossexuais, a descriminalização do aborto ou as pesquisas envolvendo as células tronco.

Ouço e leio alguns argumentos para não votar em Dilma, argumentos que me parecem inconsistentes, distorcidos, precários ou simplesmente falsos. Passo a analisar os dez mais freqüentes.

1. “Alternância no poder é bom”.

Falso. O sentido da democracia não é a alternância no poder e sim a escolha, pela maioria, da melhor proposta de governo, levando-se em conta o conhecimento que o eleitor tem dos candidatos e seus grupo políticos, o que dizem pretender fazer e, principalmente, o que fizeram quando exerceram o poder. Ninguém pode defender seriamente a idéia de que seria boa a alternância entre a recessão e o desenvolvimento, entre o desemprego e a geração de empregos, entre o arrocho salarial e o aumento do poder aquisitivo da população, entre a distribuição e a concentração da riqueza. Se a alternância no poder fosse um valor em si não precisaria haver eleição e muito menos deveria haver a possibilidade de reeleição.

2. “Não há mais diferença entre direita e esquerda”.

Falso. Esquerda e direita são posições relativas, não absolutas. A esquerda é, desde a sua origem, a posição política que tem por objetivo a diminuição das desigualdades sociais, a distribuição da riqueza, a inserção social dos desfavorecidos. As conquistas necessárias para se atingir estes objetivos mudam com o tempo. Hoje, ser de esquerda significa defender o fortalecimento do estado como garantidor do bem-estar social, regulador do mercado, promotor do desenvolvimento e da distribuição de riqueza, tudo isso numa sociedade democrática com plena liberdade de expressão e ampla defesa das minorias. O complexo (e confuso) sistema político brasileiro exige que os vários partidos se reúnam em coligações que lhes garantam maioria parlamentar, sem a qual o país se torna ingovernável. A candidatura de Dilma tem o apoio de políticos que jamais poderiam ser chamados de “esquerdistas”, como Sarney, Collor ou Renan Calheiros, lideranças regionais que se abrigam principalmente no PMDB, partido de espectro ideológico muito amplo. José Serra tem o apoio majoritário da direita e da extrema-direita reunida no DEM (2), da “direita” do PMDB, além do PTB, PPS e outros pequenos partidos de direita: Roberto Jefferson, Jorge Borhausen, ACM Netto, Orestes Quércia, Heráclito Fortes, Roberto Freire, Demóstenes Torres, Álvaro Dias, Arthur Virgílio, Agripino Maia, Joaquim Roriz, Marconi Pirilo, Ronaldo Caiado, Katia Abreu, André Pucinelli, são todos de direita e todos serristas, isso para não falar no folclórico Índio da Costa, vice de Serra. Comparado com Agripino Maia ou Jorge Borhausen, José Sarney é Che Guevara.

3. “Dilma não é simpática”.

Argumento precário e totalmente subjetivo. Precário porque a simpatia não é, ou não deveria ser, um atributo fundamental para o bom governante. Subjetivo, porque o quesito “simpatia” depende totalmente do gosto do freguês. Na minha opinião, por exemplo, é difícil encontrar alguém na vida pública que seja mais antipático que José Serra, embora ele talvez tenha sido um bom governante de seu estado. Sua arrogância com quem lhe faz críticas, seu destempero e prepotência com jornalistas, especialmente com as mulheres, chega a ser revoltante.

4. “Dilma não tem experiência”.

Argumento inconsistente. Dilma foi secretária de estado, foi ministra de Minas e Energia e da Casa Civil, fez parte do conselho da Petrobras, gerenciou com eficiência os gigantescos investimentos do PAC, dos programas de habitação popular e eletrificação rural. Dilma tem muito mais experiência administrativa, por exemplo, do que tinha o Lula, que só tinha sido parlamentar, nunca tinha administrado um orçamento, e está fazendo um bom governo.

5. “Dilma foi terrorista”.

Argumento em parte falso, em parte distorcido. Falso, porque não há qualquer prova de que Dilma tenha tomado parte de ações “terroristas”. Distorcido, porque é fato que Dilma fez parte de grupos de resistência à ditadura militar, do que deve se orgulhar, e que este grupo praticou ações armadas, o que pode (ou não) ser condenável. José Serra também fez parte de um grupo de resistência à ditadura, a AP (Ação Popular), que também praticou ações armadas, das quais Serra não tomou parte. Muitos jovens que participaram de grupos de resistência à ditadura hoje participam da vida democrática como candidatos. Alguns, como Fernando Gabeira, participaram ativamente de seqüestros, assaltos a banco e ações armadas. A luta daqueles jovens, mesmo que por meios discutíveis, ajudou a restabelecer a democracia no país e deveria ser motivo de orgulho, não de vergonha.

6. “As coisas boas do governo petista começaram no governo tucano”.

Falso. Todo governo herda políticas e programas do governo anterior, políticas que pode manter, transformar, ampliar, reduzir ou encerrar. O governo FHC herdou do governo Itamar o real, o programa dos genéricos, o FAT, o programa de combate a AIDS. Teve o mérito de manter e aperfeiçoá-los, desenvolvê-los, ampliá-los. O governo Lula herdou do governo FHC, por exemplo, vários programas de assistência social. Teve o mérito de unificá-los e ampliá-los, criando o Bolsa Família. De qualquer maneira, os resultados do governo Lula são tão superiores aos do governo FHC que o debate “quem começou o quê” torna-se irrelevante.

7. “Serra vai moralizar a política”.

Argumento inconsistente. Nos oito anos de governo tucano-pefelista - no qual José Serra ocupou papel de destaque, sendo escolhido para suceder FHC - foram inúmeros os casos de corrupção, um deles no próprio Ministério da Saúde, comandado por Serra, o superfaturamento de ambulâncias investigado pela “Operação Sanguessuga”. Se considerarmos o volume de dinheiro público desviado para destinos nebulosos e paraísos fiscais nas privatizações e o auxílio luxuoso aos banqueiros falidos, o governo tucano talvez tenha sido o mais corrupto da história do país. Ao contrário do que aconteceu no governo Lula, a corrupção no governo FHC não foi investigada por nenhuma CPI, todas sepultadas pela maioria parlamentar da coligação PSDB-PFL. O procurador da república ficou conhecido com “engavetador da república”, tal a quantidade de investigações criminais que morreram em suas mãos. O esquema de financiamento eleitoral batizado de “mensalão” foi criado pelo presidente nacional do PSDB, senador Eduardo Azeredo, hoje réu em processo criminal. O governador José Roberto Arruda, do DEM, era o principal candidato ao posto de vice-presidente na chapa de Serra, até ser preso por corrupção no “mensalão do DEM”. Roberto Jefferson, réu confesso do mensalão petista, hoje apóia José Serra. Todos estes fatos, incontestáveis, não indicam que um eventual governo Serra poderia ser mais eficiente no combate à corrupção do que seria um governo Dilma, ao contrário.

8. “O PT apóia as FARC”.

Argumento falso. É fato que, no passado, as FARC ensaiaram uma tentativa de institucionalização e buscaram aproximação com o PT, então na oposição, e também com o governo brasileiro, através de contatos com o líder do governo tucano, Arthur Virgílio. Estes contatos foram rompidos com a radicalização da guerrilha na Colômbia e nunca foram retomados, a não ser nos delírios da imprensa de extrema-direita. A relação entre o governo brasileiro e os governos estabelecidos de vários países deve estar acima de divergências ideológicas, num princípio básico da diplomacia, o da auto-determinação dos povos. Não há notícias, por exemplo, de capitalistas brasileiros que defendam o rompimento das relações com a China, um dos nossos maiores parceiros comerciais, por se tratar de uma ditadura. Ou alguém acha que a China é um país democrático?

9. “O PT censura a imprensa”.

Argumento falso. Em seus oito anos de governo o presidente Lula enfrentou a oposição feroz e constante dos principais veículos da antiga imprensa. Esta oposição foi explicitada pela presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ) que declarou que seus filiados assumiram “a posição oposicionista (sic) deste país”. Não há registro de um único caso de censura à imprensa por parte do governo Lula. O que há, frequentemente, é a queixa dos órgãos de imprensa sobre tentativas da sociedade e do governo, a exemplo do que acontece em todos os países democráticos do mundo, de regulamentar a atividade da mídia.


10. “Os jornais, a televisão e as revistas falam muito mal da Dilma e muito bem do Serra”.

Isso é verdade. E mais um bom motivo para votar nela e não nele.

x


(1) Alguns dados comparativos dos governos FHC e Lula.

Geração de empregos:
FHC/Serra = 780 mil x Lula/Dilma = 12 milhões

Salário mínimo:
FHC/Serra = 64 dólares x Lula/Dilma = 290 dólares

Mobilidade social (brasileiros que deixaram a linha da pobreza):
FHC/Serra = 2 milhões x Lula/Dilma = 27 milhões

Risco Brasil:
FHC/Serra = 2.700 pontos x Lula/Dilma = 200 pontos

Dólar:
FHC/Serra = R$ 3,00 x Lula/Dilma = R$ 1,78

Reservas cambiais:
FHC/Serra = 185 bilhões de dólares negativos x Lula/Dilma = 239 bilhões de dólares positivos.

Relação crédito/PIB:
FHC/Serra = 14% x Lula/Dilma = 34%

Produção de automóveis:
FHC/Serra = queda de 20% x Lula/Dilma = aumento de 30%

Taxa de juros:
FHC/Serra = 27% x Lula/Dilma = 10,75%


(2) Elio Gaspari, na Folha de S.Paulo de 25.07.10:

José Serra começou sua campanha dizendo: "Não aceito o raciocínio do nós contra eles", e em apenas dois meses viu-se lançado pelo seu colega de chapa numa discussão em torno das ligações do PT com as Farc e o narcotráfico. Caso típico de rabo que abanou o cachorro. O destempero de Indio da Costa tem método. Se Tupã ajudar Serra a vencer a eleição, o DEM volta ao poder. Se prejudicar, ajudando Dilma Rousseff, o PSDB sairá da campanha com a identidade estilhaçada. Já o DEM, que entrou na disputa com o cocar do seu mensalão, sairá brandindo o tacape do conservadorismo feroz que renasceu em diversos países, sobretudo nos Estados Unidos.

*Um dos mais respeitados cineastas brasileiros, Jorge Alberto Furtado, 51 anos, trabalhou como repórter, apresentador, editor, roteirista e produtor. Já realizou mais de 30 trabalhos como roteirista/diretor e recebeu 13 premiações dentre os quais, o Prêmio Cinema Brasil, em 2003, de melhor diretor e de melhor roteiro original do longa O homem que copiava.

Combustível limpo

Combustível limpo
A adoção de energias alternativas no Brasil, a partir do uso de oleaginosas como a soja e a mamona, é uma das grandes marcas do governo Lula. Em julho de 2003, começaram os estudos que culminaram no lançamento do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel e no envio de projeto do marco regulatório ao Congresso Nacional.

Em janeiro de 2005, Lula sancionou a lei que introduziu o biodiesel na matriz energética brasileira e, cinco anos depois, o país alcançou a posição de segundo maior produtor mundial de biodiesel.

A política de biodiesel inovou ao tornar obrigatória a mistura do biodiesel ao óleo diesel comercializado para o consumidor e ao definir como meta, para 2013, o percentual dessa adição em 5% (B5). Mas o Programa foi tão bem sucedido que desde o início deste ano o país já adota o B5.

Além de alternativa energética menos poluente, o biodiesel gera empregos e produz renda entre agricultores familiares. O óleo de soja é a principal matéria-prima utilizada na produção do biodiesel, acompanhado de óleos de algodão, de amendoim e de palma.

Investindo no setor, a Petrobras criou, em 2008, a subsidiária Petrobras Biocombustível, responsável pelo desenvolvimento de projetos envolvendo a produção e a gestão de etanol e biodiesel.


Em maio de 2010, foi lançado também o Programa de Produção Sustentável do Óleo de Palma, direcionado ao estímulo à produção da palma na região amazônica

"Chegou a hora de uma mulher comandar o país"





As mulheres já são a maioria da população. E cada vez mais elas conquistam espaço na sociedade e no mercado de trabalho. “A mulher tem papel fundamental na família, ela é um fator de coesão. Mesmo quando a família tradicional se desconstituiu, a mulher continuou segurando a guarda dos filhos, a manutenção da casa e provendo o alimento para os filhos. Então, os problemas que afetam o Brasi, afetam diretamente as mulheres”.

De acordo com Dilma, as políticas públicas do governo Lula consideram esse papel estratégico da mulher na construção do país. Uma prática que ela pretende levar adiante no seu governo. “O cartão do Bolsa Família, por exemplo, não é dado para o homem. Ele é dado para a mulher porque a gente sabe que a mulher pega o cartão e vai lá providenciar comida para os filhos. A títulação do imóvel do programa Minha casa, Minha vida também está no nome da mulher”.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

O futuro chegou e o pós-Lula é Dilma, diz PT 05.07.2010



O futuro chegou e o pós-Lula é Dilma, diz PT 05.07.2010


O PT solicitou hoje ao Tribunal Superior Eleitoral, em Brasília, o registro da candidatura de Dilma Rousseff à presidência da República. A partir de amanhã, a campanha eleitoral ganhará as ruas até o primeiro turno do pleito marcado para 3 de outubro. Junto com o pedido de registro, o PT apresentou as diretrizes para discussão com partidos aliados para um governo de Dilma.

"Este programa tem caráter provisório, uma vez que o definitivo deverá contemplar as sugestões de todos os partidos que integram a coligação que apóia a candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República", diz o documento.

No documento, sustenta que a economia brasileira voltou a crescer após duas décadas de estagnação ou avanços “medíocres” com uma nova lógica. “Ele [o crescimento] se faz com forte distribuição de renda, com inédito equilíbrio macro-econômico, com redução da vulnerabilidade externa e, sobretudo, com fortalecimento da democracia.”

Contudo, o PT ressalta que os avanços conquistados pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva vão permitir que o próximo governo não seja apenas uma continuidade do que foi realizado. “O Brasil deixou de ser o eterno país do futuro. O futuro chegou. E o pós-Lula é Dilma.”

Economia

A candidatura de Dilma à presidência assume o compromisso de adotar um modelo de desenvolvimento econômico amparado no crescimento acelerado, no combate às desigualdades raciais, sociais e regionais, e na promoção da sustentabilidade ambiental.

A política de valorização do salário mínimo, o aprimoramento dos programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, a ampliação do crédito popular, o fortalecimento da agricultura familiar e a redução de impostos serão as bases para a expansão do mercado de bens de consumo que produziu forte impacto positivo sobre o setor produtivo.

Inovação

O documento destaca ainda que ciência e inovação tecnológica serão usadas a serviço deste novo modelo de desenvolvimento. Para isso, a inclusão digital, com banda larga acessível, será ampliada e os investimentos estrangeiros serão vinculados à transferência de tecnologia.

PAC

Para o PT, o governo Dilma será marcado pela elevação das taxas de crescimento, o que exigirá a conclusão das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Além de acentuar a competitividade da economia brasileira, o PAC vai, sobretudo, oferecer “consideráveis” melhorias das condições de vida dos brasileiros por meio da ampliação de linhas de metrô, corredores de ônibus e redes ferroviárias urbanas e regionais, universalização do abastecimento de água e da coleta e tratamento de esgoto, drenagem urbana, recuperação de áreas degradadas e de prevenção de acidentes em áreas de risco e ampliação do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci).

Educação

Embora o governo Lula tenha tomado importantes iniciativas, como a ampliação dos repasses da União para estados e municípios e do número de escolas técnicas, o PT afirma que há “urgência para preparar os milhões de cientistas e técnicos que o desenvolvimento do país já está exigindo. Mas, principalmente, urgência para constituir uma cidadania que possa tomar em suas mãos o desenvolvimento econômico, político e cultural do país”. Assim, a candidatura de Dilma Rousseff defende a erradicação do analfabetismo, uma educação básica de qualidade e a expansão do ensino profissionalizante.

Saúde

O programa de governo do PT destaca ainda a consolidação do caráter universal e de qualidade do Sistema Único de Saúde (SUS) por meio da ampliação das equipes de Saúde da Família, das Unidades de Pronto Atendimento (UPA), e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) para garantir “a todos os brasileiros a atenção básica e de média complexidade, inclusive emergências”. As políticas de assistência farmacêutica e o programa Farmácia Popular serão aprofundados.

Mulheres


Outro destaque foi dado às ações de combate à desigualdade de gênero. O Estado, diz o documento, deve assumir sua responsabilidade na construção de políticas públicas que garantam o direito ao trabalho, com condições iguais entre homens e mulheres, combatem a violência de gênero e promovam a saúde da mulher.

“O Estado brasileiro reafirmará o direito das mulheres de tomarem suas próprias decisões em assuntos que afetam o seu corpo e a sua saúde, direito de decidirem livremente sobre todas as questões referentes à sua sexualidade e estabelecer relações afetivas e sexuais livres de coação, discriminação e violência”, diz o programa do PT.

domingo, 14 de março de 2010

Acesse livros gratuitamente!!

http://www.culturaacademica.com.br/titulo_view.asp?ID=60
A UNESP, primeira no Brasil a usar o acesso gratuito digital em primeira mão, só nos Estados Unidos e Inglaterra, agora no Brasil.Parabéns!!!

Sobre a editora
CULTURA ACADÊMICA é o segundo selo da Fundação Editora da UNESP, cujo selo central é o EDITORA UNESP, que existe desde 1987 e tornou-se marca já consagrada com um catálogo que a caracteriza como editora universitária de destaque junto ao leitor brasileiro e ibero-americano.



O segundo selo foi criado há alguns anos para auxiliar principalmente o atendimento às múltiplas demandas editoriais da Universidade Estadual Paulista - UNESP - uma universidade multicampus e com um enorme contingente de docentes, pesquisadores e pós-graduandos. Com a ampliação do número de títulos editados pelo selo CULTURA ACADÊMICA, a Fundação Editora da UNESP abre novas oportunidades de publicação num momento em que a pesquisa acadêmica e sua divulgação são cada vez mais necessárias.



Autônomo e descentralizado em relação ao selo de origem, o CULTURA ACADÊMICA presta-se a novas experimentações, abre-se a parcerias editoriais com órgãos da direção central da UNESP assim como com suas várias unidades universitárias e cursos de pós-graduação, buscando sempre a qualidade pautada nos conselhos editorias e comissões científicas responsáveis por cada um dos volumes publicados.



Assim surgiram as publicações do selo em parceria com várias Faculdades e Institutos da UNESP e, com a abertura deste sítio virtual, inaugura-se a Coleção PROPG-DIGITAL, que publica livros em primeira edição apenas nos formatos digitais, com a possibilidade de download gratuito.



Esta coleção surge em função da tradicional parceria entre a Pró-Reitoria de Pós-Graduação da UNESP - PROPG - e a Fundação Editora da UNESP, ambas responsáveis pelo lançamento de centenas de títulos e novos autores da Universidade em outros programas editoriais com suporte em papel. Sintonizada com as tecnologias da textualidade eletrônica e também com a transmissão gratuita de conhecimento gerado nas pesquisas da universidade pública, a Coleção PROPG-DIGITAL é também a primeira experiência da Fundação com o livro digital e será importante laboratório de novas iniciativas nesta área que conquista gradualmente seu lugar no imenso universo de possibilidades da publicação e da leitura acadêmica.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Alma de mulher


Nada mais contraditório do que ser mulher...
Mulher que pensa com o coração,
age pela emoção e vence pelo amor.
Que vive milhões de emoções num só dia
e transmite cada uma delas, num único olhar.
Que cobra de si a perfeição
e vive arrumando desculpas
para os erros daqueles a quem ama.
Que hospeda no ventre outras almas,
dá a luz e depois fica cega,
diante da beleza dos filhos que gerou.
Que dá as asas, ensina a voar
mas não quer ver partir os pássaros,
mesmo sabendo que eles não lhe pertencem.
Que se enfeita toda e perfuma o leito,
ainda que seu amor
nem perceba mais tais detalhes.
Que como uma feiticeira
transforma em luz e sorriso
as dores que sente na alma,
só pra ninguém notar.
E ainda tem que ser forte,
pra dar os ombros
para quem neles precise chorar.
Feliz do homem que por um dia
souber entender a Alma da Mulher!

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

"VOCÊ ACHA QUE SOU UM POSTE?"


LEIA a entrevista completa ...

"VOCÊ ACHA QUE SOU UM POSTE?"
Autor(es): Eumano Silva, Guilherme Evelin e Helio Gurovitz
Época - 22/02/2010


Em sua primeira entrevista como candidata à Presidência, a ministra Dilma Rousseff desafia os adversários a demonstrar maior experiência de governo do que ela



CANDIDATA
Dilma, ao ser fotografada na semana passada. Aclamada como o nome do PT para as eleições presidenciais, ela se prepara para encarar a campanha
Dilma rousseff já fala como candidata à presidência. Falou pela primeira vez numa entrevista a ÉPOCA, concedida na última quinta-feira, dia de abertura do Congresso do PT que a aclamou como o nome do partido para disputar a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Escolhida candidata por Lula, Dilma se apresenta como a melhor alternativa para dar continuidade aos projetos do atual governo. E faz questão de rebater a acusação dos adversários de que seja apenas um títere do presidente: “Duvido. Duvido que os grandes experientes em gestão tenham o nível de experiência que eu tenho. Duvido”. Mas, questionada sobre a possibilidade da volta de Lula em 2014, Dilma aceita a hipótese. “Sem sombra de dúvida, ele pode. O presidente chegou a um ponto de liderança pessoal, política, nacional e internacional que o futuro dele é o que ele quiser”, diz a ministra-chefe da Casa Civil – posto de Dilma até 2 de abril, quando deverá deixar o cargo para disputar as eleições presidenciais.

Na entrevista de quase duas horas, realizada no Centro Cultural Banco do Brasil, sede provisória da Presidência da República, Dilma expôs suas credenciais para comandar o Brasil, debateu planos de governo e falou claramente o que pensa sobre temas como o tamanho do Estado na economia, as privatizações, o aborto, a descriminalização das drogas, o câncer e a iminência de se tornar avó. Dilma chegou e saiu sorridente – como uma candidata pronta para desfazer a imagem da tecnocrata inflexível com que foi frequentemente caracterizada antes de sonhar com o Palácio do Planalto.



ÉPOCA – O que qualifica a senhora para ser presidente da República?
Dilma Rousseff – O governo Lula deu um passo gigantesco. Construiu um alicerce em cima do qual você pode estruturar a transformação de que o Brasil precisa. A partir de 2005, o presidente me deu a imensa oportunidade de coordenar o segundo governo dele. Estávamos enfrentando uma crise muito forte (o escândalo do mensalão) e uma disputa que tentava inviabilizar o governo. Ainda não tínhamos conseguido implantar a estabilidade de forma definitiva. A inflação e as contas públicas estavam sob controle, mas o crescimento ainda era baixo. As reservas também. Aí o investimento entrou na ordem do dia, e modificamos o jogo no segundo mandato do governo Lula. Tive a oportunidade de entrar exatamente nessa grande crise.



ÉPOCA – Em algum momento o presidente disse que a senhora seria candidata?
Dilma – O presidente nunca chegou para mim e disse: “Você vai ser a sucessora do meu governo”. Ele avaliou que participei da elaboração das principais políticas: o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o pré-sal, a TV Digital, a banda larga nas escolas. Todos os projetos do governo, de alguma forma, passaram pelo presidente e por mim. Uma das coisas que me credenciam para ser presidente é que conheço hoje o governo brasileiro de forma bastante circunstanciada, precisa e profunda. E conheço as necessidades para dar continuidade a esses projetos.



ÉPOCA – O que seria, num eventual governo da senhora, o passo seguinte?
Dilma – No Brasil, os governos sistematicamente não tinham projeto de desenvolvimento econômico-social que incluísse todos os brasileiros. A grande novidade do governo Lula é o olhar social. Não só porque estendemos benefícios econômicos aos mais pobres. Há uma profunda mudança cultural e moral quando você torna a população mais pobre do Brasil legítima interessada no desenvolvimento. A reação ao Bolsa Família mostra a aversão elitista a políticas sociais num país com a desigualdade do Brasil. Quando chamam o Bolsa Família de “bolsa-esmola”, é porque veem a política social como uma coisa ultrapassada. Alguns dizem que essa é a continuidade do passado. Não é. É a maior ruptura com o passado. Não dá para falar: “Eu fiz o Bolsa Família antes”. Ah é? Fez para quantos? O que buscamos é uma política para cuidar dos 190 milhões. Se você perguntar para mim: “Tá completo?”. Vou falar: “Nããão”.



ÉPOCA – Como presidente, o que a senhora faria que o governo Lula não fez? Como imprimiria sua marca?
Dilma – Vou participar até o dia 2 de abril do imenso esforço deste governo para mudar o Brasil. Isso me dá condições de olhar para a frente e falar que você não faz em oito anos uma transformação tão profunda. Há coisas que precisam de mais tempo para maturar. Talvez eu dê mais impulso e acelere mais, se eu ganhar a eleição, mas você vai precisar de uma sucessão de governos. Um exemplo: toda a política de inovação em pesquisa tecnológica. Conseguimos fazer um pedaço. Mas é preciso fazer no futuro muito mais: desenvolver uma cadeia de inovação para fármacos, uma para nanotecnologia, cuja infraestrutura já começou a ser feita. Entrar na economia do conhecimento é fundamental na próxima gestão. Teremos de dar suporte às universidades públicas, que estavam sucateadas, voltar a fazer pesquisa básica, dar suporte para termos trabalhadores especializados no ensino médio. Isso leva décadas.



"Uma das coisas que me credenciam para ser presidente é que conheço o governo de forma bastante circunstanciada, precisa e profunda. Conheço também as necessidades para dar continuidade aos projetos"



ÉPOCA – Que papel a senhora vê para o Estado nesse processo? Ele tem de ser dono de empresas? Ou estabelecer regras para garantir um ambiente estável para os negócios prosperarem?
Dilma – Os países ocidentais e desenvolvidos organizaram seus Estados para dar suporte à sociedade e às empresas privadas. Tanto é assim que um dos maiores compradores e organizadores da demanda privada nos EUA é o Pentágono, né? Essa discussão de Estado empresário é uma discussão da década de 50. Não é a deste momento no Brasil. Agora, somos contra a privatização de patrimônio público ou de estatais como Petrobras, Furnas, Chesf, Eletrobrás, Banco do Brasil, a Caixa. Essa é uma posição de governo que não tem nada a ver com Estado empresário, mas com a preservação do patrimônio público.


ÉPOCA – E no caso das estatais de áreas em que faltam investimentos, como a Infraero, que administra os aeroportos?
Dilma – Como a Infraero mexe com nosso espaço aéreo, é preciso ter cuidado. O que está certo é mudar a Infraero, abrir o capital, profissionalizar a gestão, torná-la mais eficaz. É o que o governo Lula defende (e eu defendo). A privatização dos aeroportos não pode ser tratada dessa forma, porque só há uns quatro lucrativos. O resto é deficitário. Qualquer modelo tem de ser bem discutido, ou você faz aquela privatização cujo custo é proibitivo para a sociedade, como foi feito com algumas ferrovias. Pelos contratos de concessão, as empresas têm direito de ficar com elas pelo tempo que quiserem sem fazer investimento, pois eles foram malfeitos.



ÉPOCA – Quando a senhora diz ser radicalmente contrária à privatização do patrimônio público, isso soa como crítica às privatizações do governo FHC, como se elas tivessem sido danosas...
Dilma – Não chegou a ser tão danoso como foi para países vizinhos, porque não conseguiram fazer tudo. Mas pegaram a Petrobras e começaram a tentar reduzi-la a uma dimensão menor. Impediram a verticalização da empresa, que ela tivesse ganhos de escala.



ÉPOCA – Mas a privatização da Petrobras estava impedida por lei...
Dilma – Achamos estranha aquela história do nome Petrobrax. Era uma tentativa de abrir o capital mais do que devia. A única parte do Brasil no nome da Petrobras é o “bras”. Se é capaz de transformar um S em X, tem dó... As intenções são muito claras!



ÉPOCA – E a privatização da Vale? E a das teles?
Dilma – Com as teles, acho que foi diferente. Em relação à Vale, vamos ter de fazer exigências a respeito do uso da riqueza natural. Isso não significa reestatizar. Ela pode ser perfeitamente privada, desde que submetida a controles. Só não acho possível concordar que a Vale exporte para a China minério de ferro e a gente importe bens e produtos siderúrgicos. Essa não é uma relação do nosso interesse como nação. Não vejo grandes problemas na Vale. Agora, vejo grandes problemas no setor elétrico. A privatização de Furnas foi impedida porque o pessoal se mobilizou. A visão que se tinha de não planejamento e de não visão de longo prazo no caso da energia deu no que deu em 2001 (ano do apagão). Sou contra privatizar o BNDES, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal. Minha gratidão com a história é que ela provou que a gente estava certo. Ai de nós se não tivéssemos os três bancos! Só conseguimos enfrentar a crise econômica porque tínhamos estrutura para enfrentá-la. Porque na hora da crise, quando o pavor bate...



ÉPOCA – Podemos mudar de assunto?
Dilma – Não, é que quero explorar muito essa história do Estado, sabe? O Estado mínimo tem uma perversidade monstruosa. Sabe qual é?


"Em relação à Vale, vamos ter de fazer exigências a respeito do uso da riqueza natural. Isso não significa reestatizar. Ela pode ser perfeitamente privada, desde que submetida a controles"



ÉPOCA – Qual é?
Dilma – Não investe em saneamento, não investe em habitação, deixa o país com uma das menores taxas de cobertura de esgoto, de drenagem. Tem outra perversidade: não considera o que tem de ser feito com subsídio. É isso o Estado mínimo a que o presidente Lula se refere. E concordo quando ele diz: para quem é rico, não interessa ter Estado. Para quem é pobre, o Estado ainda cumpre um papel fundamental. Qual é a diferença para os anos 50? Nos anos 50, o Estado empresário tinha lá sua função. Não tinha todas as empresas estruturadas. Como alguém em sã consciência, em pleno século XXI, em 2010, pode falar que o Estado brasileiro vai ser empresário? Isso é um equívoco monstruoso. Uma das grandes vantagens do Brasil é ter um setor privado forte. Vá a qualquer outro país da América Latina. Um dos problemas deles é que a economia é muito simples. Eles não têm empresários de porte. Nós estamos em outra fase. Somos um país cujas grandes empresas vão se internacionalizar. E quem é que vai apoiar isso? O Estado.



ÉPOCA – A oposição tem comparado sua candidatura à de um poste. O que a senhora acha dessa comparação?
Dilma – Você acha que, como ministra-chefe da Casa Civil, eu sou um poste?



ÉPOCA – Provavelmente quem diz isso acha que sim.
Dilma – Duvido. Duvido que os grandes experientes em gestão tenham o nível de experiência que eu tenho. Duvido.



ÉPOCA – A senhora tem esperança de que o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) desista de se candidatar a presidente?
Dilma – Para mim, seria muito bom que ele estivesse em meu palanque. Mas, seja qual for a decisão dele, vamos respeitar porque ele é do nosso campo. Ciro é uma pessoa especial. Foi um companheiro de governo e participou com a gente dos momentos mais difíceis quando, em 2005, o governo estava sofrendo um certo cerco. Quero estar com ele no mesmo palanque, mas não é a minha preferência que vai informar o que o deputado Ciro Gomes vai fazer.



ÉPOCA – Se a senhora for eleita, qual será o papel do presidente Lula em seu governo?
Dilma – Olha, estou falando o que eu gostaria, tá? Acho que o Lula seria um dos melhores conselheiros que alguém poderia ter.



ÉPOCA – A senhora trabalha com a hipótese de que Lula possa ser candidato à Presidência da República em 2014?
Dilma – Sem sombra de dúvida, ele pode.



ÉPOCA – Ele já falou sobre isso com a senhora?
Dilma – Não. Vocês não conhecem o presidente se me perguntam isso. Ele jamais falaria isso.



ÉPOCA – A senhora, eleita, abriria mão de se candidatar à reeleição?
Dilma – Desculpem, mas não vou fazer uma discussão dessas, né? O presidente Lula chegou a um ponto de liderança pessoal, política, nacional e internacional, que o futuro dele é o que ele quiser.



ÉPOCA – O PT deseja mais espaço num eventual governo Dilma, pois considera que a senhora está à esquerda do presidente Lula. A senhora concorda?
Dilma – Gente, que PT é esse? Dentro do PT não se fala isso.



ÉPOCA – Em entrevista ao blog de José DIrceu, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, diz que o partido espera mais protagonismo no governo Dilma.
Dilma – Maior protagonismo que teve no governo Lula?



ÉPOCA – Sim.
Dilma – Não sei o que Dutra quer dizer com isso. Porque o PT teve um grande protagonismo no governo Lula. E eu darei ao PT o grande protagonismo que o partido merece em qualquer governo. Agora, faremos um governo de coalizão.



ÉPOCA – A senhora é vista como durona e intransigente. Na Presidência, a senhora saberá ter a flexibilidade necessária para comandar um governo de coalizão?
Dilma – Na chefia da Casa Civil, meu nível de negociação é um. Os ministros são meus pares. Então, o tipo de conduta é um. Quando há divergência, quem desempata é o presidente. Sigo a orientação do presidente. Quando você exerce outra função, tem de fazer outro tipo de negociação.

ÉPOCA – Mas a senhora tem talento para a conciliação como o presidente Lula?
Dilma – Aprendi muito com ele. (risos) Isso aqui é uma escola. É uma coisa engraçada. Você aprende, por exemplo, que tem hora que é preciso deixar passar um tempo para tomar uma decisão. O presidente diz muito que onde estão os pés explica um pouco da cabeça.



ÉPOCA – Nos anos 60, a senhora foi guerrilheira e agora fala em democracia ocidental. Quando a senhora mudou?
Dilma – Eu tinha 15 ou 16 anos, quando a ditadura começou. De 1964 a 1968, houve um endurecimento do regime. Minha geração experimentou a pior cara da ditadura: o estreitamento e a desesperança de que você pode modificar o país por meio de processos democráticos. Então, alguém que acreditava que seria possível a democracia naquele período era ingênuo, porque a realidade contrariava quem pensava isso. Esse processo vai levar a minha prisão em 1970. E veja como é interessante a vida. Quanto pior vai ficando a repressão, mais valor você vai dando à democracia. Quando você está na cadeia e vê tortura, morte e o diabo, o valor da democracia e o direito de expressão e de discordar começam a ser cada vez mais um valor intrínseco. Esse mecanismo não é só meu. É de minha geração, que saiu das trevas em relação à democracia – e passou progressivamente a lutar por ela como um valor fundamental.




"Sem sombra de dúvida, ele (Lula) pode (ser candidato em 2014). Ele chegou a um ponto de liderança pessoal, política, nacional e internacional, que o futuro dele é o que ele quiser"



ÉPOCA – A senhora é a favor de julgar os acusados de tortura e terrorismo?
Dilma – As pessoas que, como eu, participaram do processo de resistência à ditadura foram presas, condenadas, cumpriram pena, tiveram seus direitos políticos cassados. Não há nenhuma similaridade com a condição daqueles que torturaram. A Lei de Anistia está vigente. Essa é uma questão que está no Supremo Tribunal Federal (STF). O que o Supremo decidir tem de ser acatado por todos. Agora, uma coisa é uma atividade de violência de pequenos grupos, a grande maioria com idade até 25 anos, 26 anos. Outra coisa, muito diferente, é a violência do Estado, porque é desproporcional. Tanto que nós fomos punidos, sem direito a recurso qualquer. Fui condenada e cumpri pena maior do que minha condenação. Ninguém me ressarciu de nada.



ÉPOCA – O ex-ministro José Dirceu, no dia de sua posse na Casa Civil, chamou-a de “camarada de armas”. A senhora gostou?
Dilma – Ele estava fazendo para mim um cumprimento, porque para ele era muito importante. Entendo assim. Havia várias características nas diferentes organizações de esquerda. A minha fazia certa crítica às ações armadas, principalmente assaltos a banco. Tínhamos uma crítica a isso, e isso está registrado. Não fui condenada por ação armada, porque não a pratiquei.



ÉPOCA – Como o câncer mudou sua vida?
Dilma – Olha, o câncer muda a relação da gente com a vida. A primeira coisa mais forte que muda é o imenso valor que você dá a apenas viver. A gente passa o tempo inteiro da vida falando: “Ah, mas eu vou fazer isso, eu vou fazer aquilo, amanhã vai ser assim”. O câncer fala assim para ti: “Na verdade, a coisa mais importante é viver”. Sua relação com a natureza passa a ser também muito forte. Você pensa: “Será que vou ver o sol bater nas árvores?”. Olhei e fiquei pensando nisso. Você começa a ver o mundo com um olhar melhor. A segunda coisa é que você percebe que, como em vários outros momentos da vida, você conta com você. Você pode se derrotar se botar para dentro a doença. Ela foi extraída, mas tem de ter muito cuidado para não deixar ela entrar para dentro da cabeça, dos sentimentos, da visão de mundo. É preciso ter cuidado com isso, com aquela coisa insidiosa que se chama medo, que todos temos. É uma relação que só se resolve com você. Sempre há uma busca de transcendência, você acredita numa força maior, sobretudo porque tem uma imensa solidariedade das pessoas. Elas te passam uma coisa, dizem: “Eu vou rezar por você”. Essa é uma relação muito forte. Dão medalhinha. Me deram muita Nossa Senhora, muita oração. Também dão remédios, mandam vários produtos, cartas, há manifestações muito comoventes. Essa questão da reza é muito forte.



ÉPOCA – A senhora rezou?
Dilma – Ah, você reza. Não é rezar, no sentido que a gente rezava quando era criança. Há outras formas. Tenho o hábito de recorrer a Nossa Senhora, por exemplo, quando o avião balança. Já tive turbulências pesadas na vida...



ÉPOCA – A senhora acredita em Deus?
Dilma – Não sei se é o seu Deus, mas eu acredito numa força maior do que a gente.



ÉPOCA – Mas uma religião específica, a senhora não tem?
Dilma – Não, mas respeito. Você tem de respeitar todas as religiões.



ÉPOCA – A senhora esteve num terreiro de candomblé na semana passada.
Dilma – Sim, estive. O Ilê Aiyê é um terreiro de candomblé muito bonito e tem uma obra social muito importante.



ÉPOCA – É visível que a senhora tem cuidado mais da aparência.
Dilma – Você acha que eu estou melhor, né? (Risos.)



ÉPOCA – Como a senhora lida com a vaidade?
Dilma – Toda mulher é vaidosa. Se você disser a uma mulher que ela vai tirar um retrato, ela vai começar a ajeitar o cabelo, a dar um jeitinho, mesmo que ela esteja à vontade, natural. Fiz coisas boas para mim: tirar os óculos. Quando fazia 40 graus, meu nariz assava. Eu não tenho o osso central (entre os olhos). Os óculos não seguravam, caíam. Eu ficava com isso aqui vermelho (aponta para o meio do nariz). Foi um grande alívio voltar a usar lente de contato. Achei uma marca que eu consigo usar. É bom porque às vezes leio sem óculos, dependendo da hora. Como vocês sabem, dei uma arrumada, fiz uma plástica. A pessoa que quer fazer uma plástica deve fazer. Mas é importante cuidar para não perder suas características nem ficar muito puxada.



ÉPOCA – A senhora fez plástica porque quis ou foi orientada por marqueteiros?
Dilma – Fiz porque botei minha lente. Quando você usa óculos, você não enxerga o rosto direito, e ele tampa suas rugas. Um dia de manhã, olhei meus olhos e falei: “Meu Deus do céu, que coisa horrorosa!”. Primeiro, fiz a lente. Depois, fiz a plástica. Eu me achei muito velha, então dei uma mudadinha. Não fiquei nova como eu queria, não, mas acho que melhorou! (Risos.)



ÉPOCA – A senhora pode ser a primeira mulher presidente do Brasil. Paradoxalmente, nas pesquisas a maior resistência a seu nome se dá entre as mulheres. Por que isso acontece?
Dilma – É simples. As mulheres são mais críticas e analíticas. Vai passar um tempo, elas vão analisar, analisar, analisar. Espero que essa não seja a realidade depois. Quem me chamou a atenção para isso foram outras mulheres candidatas. As mulheres precisam primeiro confiar, levam um tempo maior a tomar posição. Mas, depois que tomam, nada nem ninguém as demove. Como vocês devem saber por experiência própria. (Risos.)



ÉPOCA – Qual é sua posição sobre o aborto?
Dilma – Nenhuma mulher, feminista ou não, é a favor do aborto. Se você é mulher, consegue imaginar o que o aborto produz numa pessoa, o nível de violência que é. É extremamente distorcida essa questão de falar que fulana ou beltrana é a favor ou contra o aborto. É a favor ou contra o quê? Sou a favor de que haja uma política que trate o aborto como uma questão de saúde pública. As mulheres que não têm acesso a uma clínica particular e moram na periferia tomam uma porção de chá, usam aquelas agulhas de tricô, se submetem a uma violência inimaginável. Por isso, sou a favor de uma política de saúde pública para o aborto.

"Não acho que podemos tratar da droga com descriminalização. Estou muito preocupada com o crack. Crack mata, é muito barato e está entrando em toda periferia e nas pequenas cidades"

ÉPOCA – Alguma mulher próxima à senhora fez aborto?
Dilma – Conheci mulheres que passaram por isso. Amigas minhas fizeram. Todas foram fazer chorando e saíram chorando. Não conheço uma que não tenha sido assim. Nunca tive de fazer aborto. Apenas, tive uma gravidez tubária.

ÉPOCA – Como a senhora vê a descriminalização das drogas?
Dilma – A droga é uma coisa muito complicada. Não podemos tratar da questão da droga no Brasil só com descriminalização. Estou muito preocupada com o crack. O crack mata, é muito barato, está entrando em toda periferia e nas pequenas cidades. Não vamos tratar o crack única e exclusivamente com repressão, mas com uma grande rede social, que o governo integra. Há muita entidade filantrópica nas clínicas de recuperação. A gente tem de cuidar de recuperar quem já está viciado e cuidar de impedir que entrem outros. Tem de cuidar também para criar uma política de esclarecimento sobre isso. Não acho que os órgãos governamentais, Estado, municípios e União, vão conseguir sozinhos. Vamos precisar de todas as igrejas e entidades que têm uma política efetiva de combate às drogas. A questão da droga no século XXI é muito diferente daquele tempo de Woodstock, que tinha um componente libertário.

ÉPOCA – A senhora é a favor da repressão mesmo no caso de drogas leves, como a maconha?
Dilma – Não conheço nenhum estudo que comprove que a droga leve não seja o passo para outra. Esse é o problema. Num país com 50 milhões de jovens entre 15 e 29 anos, é complicado falar em descriminalização, a não ser que seja para fazer um controle social abusivo da droga. Não temos os instrumentos para fazer esse controle que outros países têm. A não ser que a gente tenha um avanço muito grande no controle social da droga, fazer um processo de descriminalização é um tiro no pé. O problema não é a maconha, mas é o crack. O crack é uma alternativa às drogas leves, médias, pesadas. Não é possível mais olhar pura e simplesmente para a maconha, que não é um caso tão extremo nem tão grave.

ÉPOCA – Qual é sua visão dos movimentos do Irã para fazer uma bomba atômica?
Dilma – É preciso discutir o Irã sob outra ótica. Depois da Guerra do Iraque, temo muito essa história de que o Irã está fazendo isso ou aquilo. Se você não der uma abertura para o diálogo com o Irã, você vai isolá-lo. O Irã é uma economia sofisticada, um país nacionalmente íntegro, com unidade, e com mais de 70 milhões de habitantes. Não é algo que se possa tratar dessa forma.

ÉPOCA – Mas o governo do Irã há anos não deixa os inspetores das Nações Unidas entrar lá...
Dilma – Vou perguntar uma coisa, a título de raciocínio. Não deu muito certo a política de invadir o Iraque e do Afeganistão, deu?

ÉPOCA – Provavelmente, não.
Dilma – Pois, então, cuide-se com a política bélica anti-Irã, ou cuide-se com o isolamento do Irã. O que se faz é fortalecer a liderança do Irã na área. A experiência recente tende a nos levar a ser um pouco mais críticos. Não somos a favor de que ninguém construa bombas atômicas por aí, mas temos de discutir o desarmamento. Não tem o menor sentido os que se armam apontarem seu dedo armado para os outros. Temos de discutir internacionalmente uma política de desarmamento. Nós, do governo Lula, somos a favor da inspeção das armas, somos a favor do uso da energia nuclear para fins pacíficos e também somos a favor de que haja diálogo. Sem diálogo, não se constrói uma política

"Se você não der uma abertura para o diálogo com o Irã, vai isolá-lo. Não deu muito certo a política de invadir o Iraque e do Afeganistão, deu?"




ÉPOCA – A aproximação do Brasil com o Irã não afiança os abusos cometidos contra os opositores do regime?
Dilma – Quando a gente faz a mesma coisa com os Estados Unidos, estamos afiançando Guantánamo (prisão em Cuba para os acusados de terrorismo)? Ou o que aconteceu em Abu Ghraib (prisão do Iraque onde iraquianos foram torturados por americanos)? Não estamos fazendo isso. Estamos nos relacionando soberanamente. Essa posição de interferência na política interna dos outros já levou a muitos problemas no mundo. Um exemplo é o Haiti, produto de uma política internacional que se julgava no direito de exigir A, B, C ou D do povo haitiano. Deu no que deu, um desastre.


ÉPOCA – Vários governos da América Latina, em especial a Venezuela, tentam controlar a mídia e cercear a liberdade de opinião. Qual é sua opinião sobre o governo do presidente Hugo Chávez?
Dilma – No governo brasileiro, somos a favor da liberdade de imprensa e de livre manifestação, um direito fundamental da democracia. Não queremos cercear, controlar o conteúdo de jornais ou fazer nada similar. Mas não nos relacionamos com países exportando nosso modelo para ninguém, nem impondo esse modelo. Não fazemos isso. É muita pretensão quem acha que define de fora a política interna de um povo. Ela tem suas características, suas especificidades e suas realidades sociais. A Venezuela é uma realidade, nós somos outra. Temos uma relação com a Venezuela, sim, e mantemos essa relação. Temos também uma relação com o presidente Álvaro Uribe (da Colômbia), que está pedindo o terceiro mandato – e não tenho visto por aqui ninguém questionando o terceiro mandato dele.


ÉPOCA – A senhora vai ser avó. Como se sente?
Dilma – Ter filho é um evento, uma coisa única na vida. Na minha vida, um momento importante foi o nascimento de minha filha. Agora, filho dá um trabalhão danado. Primeiro, porque, quando você é marinheiro de primeira viagem, não desgruda o olho. Segundo, porque é sua responsabilidade criá-lo. Terceiro, porque, depois que o filho cresce, você ainda tem o impulso de proteger. Fica preocupado, quer saber, não dorme. Desconfio que ter neto é uma espécie de ser um pai, ou mãe, irresponsável. Você pode fazer tudo para ele. Confia que tem lá uma pessoa que vai proibir de comer chocolate todo dia, não vai dar refrigerante, não vai deixar tomar sorvete toda hora. É uma grande, uma imensa, uma fantástica invenção divina um neto. Eu aguardo o meu ansiosamente.

Minha mãe!!



Minha mãe, mulher forte, nunca vi igual...
Nos deixou nessa "vida", há 2 meses e 13 dias exatamente.Mas recordo , minhas tardes de domingo, no final de 2009, nossas conversas. Como era cheias de realidade , pedi tanto, tanto...Mãe você consegue , fica mais uma pouco!!Ela não estava doente, simplesmente cansou aos 92 anos de idade.
Nós estamos acostumados a ligar a palavra morte apenas à ausência de vida e isso é um erro. Existem outros tipos de morte e precisamos morrer todo dia. A morte nada mais é do que uma passagem, uma transformação. Não existe planta sem a morte da semente, não existe embrião sem a morte do óvulo e do esperma, não existe borboleta sem a morte da lagarta. Isso é óbvio!
A morte nada mais é do que o ponto de partida para o inicio de algo novo. É a fronteira entre o passado e o futuro.
A avó ,bisa Cida, , mulher forte e guerreira.Vai ficar para sempre.
Ela continua em nós ...Sua força estará presente sempre!!!
Dulce (filha), Fernanda(neta), Giselle (bisneta).

PT lança pré-candidatura de Dilma à presidência

Durante o congresso, o PT aprovou um programa de governo que, ao mesmo tempo, confirmou algumas propostas consideradas radicais, mas eliminou outras, tornando-o mais moderado.

Por exemplo, o partido aprovou uma proposta de combate ao que chamam de monopólio dos meios eletrônicos de informação, cultura e entretenimento, com a reativação do Conselho Nacional de Comunicação Social. Aprovou, ainda, medidas que facilitam a desapropriação de terras para a reforma agrária e o fim da criminalização de ações dos movimentos sociais, como o MST. Além da redução da jornada de trabalho e imposto sobre as grandes fortunas.

Mas o programa do PT mostrou também um tom mais moderado ao excluir temas polêmicos, como o aborto, a estatização da economia, e a volta do monopólio do petróleo.

O congresso trouxe de volta petistas históricos, como o ex-ministro José Dirceu, cassado e afastado do governo, e os deputados federais João Paulo Cunha e José Genoíno. Os três respondem a processo no Supremo Tribunal Federal por envolvimento no escândalo do mensalão do PT. Eles foram eleitos para o Diretório Nacional do partido.

Primeiro a discursar, o novo presidente do PT, José Eduardo Dutra, ironizou as críticas ao programa do partido.

"Não adianta a gente ficar repetindo alguns temas, alguns pontos que foram aprovados, que sempre alguns vão optar em dizer que o PT radicalizou", defendeu Dutra.

Sob aplausos, o presidente Lula apresentou a ministra Dilma como sua candidata. Convocou partidos aliados e a militância petista, especialmente as mulheres, para apoiar a pré-candidata.

"Eleger a Dilma não é uma coisa secundária para o presidente da República. Eleger a Dilma é uma coisa prioritária na minha vida neste ano", explicou o presidente.

Ao lado de companheiros do PMDB, a ministra Dilma fez longo discurso. Em tom moderado, defendeu um governo de alianças para todos. Ela falou dos avanços do governo Lula e prometeu respeitar o direito à livre expressão. A pré-candidata disse que vai dar continuidade à política econômica do governo atual.

"Todas as nossas ações de governo têm, sem sombra de dúvida, uma premissa: a preservação da estabilidade macroeconômica. Nós vamos manter o equilíbrio fiscal, o controle da inflação e a política do câmbio flutuante", disse a pré-candidata.

Ela deu grande ênfase à continuação das políticas sociais do governo Lula, em especial à educação.

"Nós vamos manter e aprofundar aquilo que é a marca do governo do presidente Lula: seu olhar social, seu compromisso social. A educação será, sobretudo, um meio de emancipação política e cultural do nosso povo. Os jovens serão os primeiros beneficiários da era de prosperidade que começamos a construir no primeiro governo do presidente Lula", prometeu Dilma.

Os pontos aprovados no programa do PT são sugestões que serão discutidas para a formulação do programa de governo da pré-candidata Dilma Rousseff. Até agora, além de Dilma, do PT, o PV aprovou a pré-candidatura à presidência da República de Marina Silva.

Ciro Gomes pleiteia ser candidato pelo PSB, mas ainda depende da aprovação do partido. No PSDB, o governador de Minas, Aécio Neves, abriu mão da candidatura à presidência. E o governador de São Paulo, José Serra, ainda não confirmou se será o candidato dos tucanos.

Fonte: Jornal Nacional

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010